Rainha Elizabeth: por que sentimos tanto a morte?

222
Foto ilustrativa: Getty Images

A monarca mais longeva da história, Rainha Elizabeth II, morreu aos 96 anos, nessa quinta-feira. O clima de luto tomou conta das ruas de vários países ao redor do mundo e muita gente tem se perguntado: por que sentimos tanto a morte? Inclusive, de pessoas que sequer conhecemos pessoalmente. O psicólogo Romanni Souza explicou que, primeiro, existem os fatores biológicos.

“O nosso corpo é feito para sobreviver. Os nossos antepassados só passaram os genes que nós temos hoje porque eles sobreviveram. Então, nós estamos aqui porque nós somos programados para sobreviver. Então, de certa forma, tem a parte biológica, que é bem relevante no processo do porquê que nós sentimos tanto a morte. É uma coisa que todo ser humano busca é sobrevivência. É algo intrínseco logicamente falando e segundo é a cultura e a parte psicológica do processo”, explicou.

Já falando no contexto cultural, conforme o profissional de saúde, é importante lembrar que, principalmente, as pessoas ocidentais enxergam a morte com uma associação muito forte com o processo de sofrimento, com o processo de luto.

“Se formos olhar culturalmente, podemos perceber que nos rituais que envolvem a morte, as pessoas se vestem de preto, as pessoas choram, as pessoas associam ao sentimento de perda, ao sentimento de sofrimento. No entanto, existem outros lugares que enxergam a morte como algo positivo, como se fosse um motivo de festa. Inclusive, tem culturas indígenas, por exemplo, que chegam a fazer festas quando uma pessoa morre”, disse.

Ainda segundo Romanni, a cultura influencia muito no processo psicológico que nós criamos em relação a morte e também o nosso lado biológico em si está inerente à vontade de sobreviver. Nós somos programados para isso, por isso estamos vivos aqui, por isso que os nossos antepassados sobreviveram e assim por diante e os genes chegaram até nós porque nós fomos nos adaptamos a sobreviver”, complementou.

Morte da rainha

Romanni também pontuou que a morte de um grande líder influencia não só nas ações e na percepção de um povo, mas também de todos os povos ao seu redor.

“Percebe-se, por exemplo, que é comum na história perceber impérios decaindo depois da morte de grandes líderes. Percebe-se, inclusive, que surgiram novos impérios a partir da morte de grandes líderes. Quando olhamos a história do Brasil, vamos que quando Dom Pedro começa a adoecer, começa a ficar mais velho, começam as grandes revoluções no Brasil”, disse.

Segundo o psicólogo, o líder representa muito a cultura de um povo e leva muito da cultura daquele povo. Então, quando existe a morte desse líder é como se houvesse também um uma repaginação de vários aspectos da cultura.

“Não necessariamente isso significa que seja algo ruim e não necessariamente significa que seja algo bom, significa que o mundo muda. E eu, particularmente, acredito que tenha os pontos positivos dessa mudança de olhar pra trás o que que aquele antigo líder deixou de bom pra honrar aquele líder pegar as coisas boas e também pensar o que que de novo nós podemos trazer pra trazer eh melhorias. Percebe-se isso, por exemplo, na própria Rainha Elizabeth: ela trouxe grandes mudanças tanto por ser uma mulher no poder e isso já por si só é uma grande mudança. Outra coisa, percebe-se também ali todo o processo de diplomacia, tudo teve muita mudança desde a influência da igreja dentro do governo”, finalizou.

Fonte: MF Press Global

COMPARTILHAR