Lava Jato volta às ruas com foco em lobistas e suposta propina

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A Polícia Federal realizou a 38ª fase da operação Lava Lato. O foco é a suposta ação de dois lobistas no repasse de propina da Petrobras para o PMDB.

Jorge Luz e o filho Bruno Luz são apontados como os principais operadores de propinas da área internacional da Petrobras. Teriam atuado também nas diretorias de abastecimento e de serviços. Segundo as investigações, eles movimentaram US$ 40 milhões em dez anos, tanto em empresas no Brasil como contas no exterior.

“Os beneficiários eram os diretores e gerentes da Petrobras e também pessoas com foro privilegiado, agentes políticos relacionados ao PMDB. Há elementos que apontam que agentes políticos do Senado, ainda na ativa, foram beneficiários de parte desses pagamentos”, diz procurador Diogo Castor.

Jorge e Bruno Luz estão nos Estados Unidos. Os advogados informaram à Justiça que eles vão se apresentar no menor espaço de tempo possível.

Bruno tem dupla cidadania. Brasileira e portuguesa. A Polícia Federal pediu a inclusão deles na lista de procurados da Interpol.

O Ministério Público Federal também falou sobre o tempo de atuação de Jorge Luz na Petrobras.

“Consta informação que ele atua como lobista de interesses escusos na Petrobras já há longo tempo, desde a década de 80, contudo o foco das investigações foram os fatos mais recentes dos últimos 10 anos”, explica Castor.

Jorge e Bruno Luz  foram citados em depoimentos e delações premiadas do empresário Milton Schain, do lobista Fernando Baiano, do ex-senador Delcídio do Amaral e dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

Cerveró disse que esteve com Jorge Luz na casa do senador Jader Barbalho, do PMDB, junto com Paulo Roberto Costa, o senador Renan Calheiros, também do PMDB, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. E que Jorge Luz achava que as diretorias de abastecimento e internacional eram bons filões de recursos para as campanhas de 2006. Ficou acertado o repasse US$ 6 milhões ao PMDB. Após o segundo turno, Jader teria agradecido o dinheiro.

Num depoimento à justiça, Cerveró falou dessa propina.

O Juiz Sérgio Moro interrompeu quando ele citava os nomes dos senadores, por causa do foro privilegiado.

Cerveró: Foi o operador que pagou US$ 6 milhões da propina da sonda Petrobras 10.000, foi o Jorge Luz o encarregado de pagar ao Senador Renan Calheiros, ao Senador…

Moro: Não, mas aí vamos fazer o seguinte, viu, como não é objeto dessa ação penal, esses detalhes fazem parte de outras investigações.

No despacho, Moro voltou a defender as prisões preventivas, que não têm prazo para terminar, para impedir novos crimes. Segundo o juiz, hoje há somente sete presos provisórios sem julgamento na Lava Jato, Moro revogou a prisão que tinha decretado de um terceiro operador, Apolo Santana Vieira, que negocia uma delação premiada.

Apolo Santana foi apontado numa outra investigação em Pernambuco como um dos donos do avião que caiu em 2014, matando o então candidato à presidência, Eduardo Campos, do PSB.

A defesa de Jorge e Bruno Luz afirmou que os clientes já foram ouvidos em inquéritos no Supremo Tribunal Federal que envolvem pessoas com foro privilegiado. Que os depoimentos foram prestados quando os dois já estavam fora do Brasil. E que eles estão dispostos a colaborar com as investigações.

O senador Renan Calheiros disse que, embora conheça Jorge Luz, não vê o operador há 25 anos. O senador reafirmou que a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero. E que suas relações com empresas, diretores ou investigados não ultrapassaram os limites institucionais.

O senador Jader Barbalho afirmou que nunca teve qualquer relacionamento com Jorge Luz. E que acredita ter sido apresentado ao operador em 1983. E que, depois disso, nunca mais o viu.

O senador negou ainda que tenha recebido dinheiro de Jorge e Bruno Luz. Jader Barbalho diz que, se os dois usaram o nome dele, foi sem o conhecimento do senador.

O presidente do PMDB, senador Romero Jucá, afirmou que os envolvidos nesta operação não têm relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB.

A defesa de Sérgio Machado afirmou que não vai se manifestar por causa do acordo de colaboração do cliente.

A defesa de Paulo Roberto costa afirmou que ele já esclareceu, na delação premiada, todos os fatos de que tem conhecimento.

A defesa de Apolo Vieira afirmou que o processo sobre as investigações do avião está parado. E, sobre a Lava Jato, negou qualquer relação do cliente dele com os fatos.

JN
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