Repasse em tanques de leite totaliza quase meio milhão de reais dentro da agricultura familiar

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O resfriamento do leite traz benefícios, como a redução de custos com produção (energia e transporte), poder de negociação entre produtores e laticínio, sabor mais agradável e, consequentemente, menor redução da quantidade de leite desclassificado por acidez. Tendo por base a importâncias desses requisitos para tornar o pequeno produtor mais autônomo dentro da cadeia produtiva do leite é que o governo do Estado promoveu, nesta segunda-feira (13), a entrega de 26 resfriadores de leite que beneficiarão famílias rurais de 23 municípios.
O repasse de quase meio milhão de reais em resfriador foi promovido por intermédio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), órgão vinculado a Semagro – Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura, vem beneficiar pessoas como o senhor Roberto Rocha, da Colônia Paredes, que fica a 20 km do município de Rio Verde.
Integrante de um grupo de quatro produtores, Roberto conta que o equipamento chegou no momento certo já que o único resfriador próprio teve perda total recentemente. “A gente tinha conseguido um resfriador usado que aturou apenas um mês. Estourou a câmara fria  e arrumar não compensa. A gente está com outro resfriador na propriedade, mas é emprestado pelo laticínio. Vai que o cara resolve pegar, a gente fica como?”, relatou em tom questionador.
O conserto do mesmo não sairia nada barato e compensaria mais comprar um novo. Coisa que no momento seria inviável ao quarteto. “Nada, nada, sairia uns seis ou sete mil reais para arrumar. O resfriador chegou para aliviar a nossa preocupação. Além de não colocarmos a mão no bolso, pegamos um com capacidade de mil litros”.
Outro fator compensatório é a redução no orçamento produtivo. “O resfriador que pifou é para armazenar dois mil de leite e para a gente não compensava tanto porque a gente gastava muito com energia e nossa produção não é para um assim. O caminhão passa a cada três dias para pegar o leite e a nossa produção é de 300 litros por dia. Então, um resfriador de mil litros atende a gente bem”, calcula aliviado.
Outro que participou da solenidade de entrega dos resfriadores, no pátio da Cepaer – Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer, é o produtor Vander Manoel Ferreira, do Centro Rural de Arapuã, distrito situado a 40 km do município de Três Lagoas. “Há três meses a gente tem um resfriador que também foi doado pela Agraer. Ele é usado, mas já vai dar uma ajuda e tanto. E com a política atual de preço em que o leite está sendo vendido por R$ 0,75 aos laticínios a gente sem resfriador fica com medo de investir no leite e não ter retorno. Com mais um resfriador a gente atende mais produtores e pode armazenar por mais tempo e negociar o valor”, justifica o produtor.
Com capacidade para armazenar dois mil litros de leite, o novo resfriador não só ajudará na autonomia dos produtores como vem para materializar um sonho. “ A gente está montando uma indústria de leite de barriga mole, aquele leite saquinho vendido nos mercados. O resfriador usado, doado pela Agraer, ficará na base da indústria, enquanto esse novo fica para atender seis dos 15 produtores que formam o nosso grupo. Assim que ordenhar a gente já manda pro resfriador”, explicou Vander.
E dezenas de outros pequenos produtores serão beneficiados com os 26 resfriadores que foram repassados aos 23 municípios, sendo: Nova Andradina, Anaurilândia, Selvíria, Brasilândia, Glória de Dourados, Ivinhema, Naviraí, Nioaque, Paranaíba, Rio Verde, Santa Rita do Pardo, Alcinopólis, Angélica, Bataguassu, Camapuã, Cassilândia, Deodápolis, Figueirão, Juti, Mundo Novo, Paranhos, Três Lagoas e Chapadão do Sul são os municípios contemplados.
Agora, a expectativa é beneficiar outras famílias rurais com a aquisição de novos resfriadores já que em caixa sobrou uma quantia significativa. “Graças aos esforços de nossa equipe sobrou R$ 70 mil que vai dar para comprar outros quatro ou cinco equipamentos. E a gente sabe que só faz uma cadeia produtiva do leite se houver um uma atividade eficiente no setor, com produtor forte, um mercado consumidor favorável e, também, com laticínios em operação. Hoje, temos 20 latícinios de portas fechadas e isso reflete também na atividade dentro de Mato Grosso do Sul”, destacou o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini.
Em Mato Grosso do Sul, dados oficiais indicam que 60% dos estabelecimentos rurais exploram a pecuária leiteira, sendo que nas propriedades oriundas da reforma agrária esse índice é superior a 80%. Porém, mais do que só garantir a qualidade o desafio dentro da cadeia produtiva do leite é promover a continuidade na produção.
O baixo o volume da produção diária obtida nas pequenas propriedades muita das vezes inviabiliza a remessa diária aos laticínios quando não há uma linha regular de coleta de leite. “Muitas das vezes a gente vê um equipamento, mas não consegue visualizar a importância desse equipamento para estruturar a cadeia produtiva do leite. Quando a gente faça em resfriador a gente está falando de qualidade do leite, a gente está falando da possibilidade de juntar volume do leite, de definir linhas de captação de leite e a rigor a gente está falando de melhoria de renda do produtor rural”, enfatizou o secretário da Semagro, Jaime Verruck.
Nas propriedades enquadradas como agricultura familiar, a atividade leiteira tem um papel importantíssimo na ocupação das pessoas daí a necessidade de investimento em tecnologia e insumos agrícolas. “Além desses 26 unidades entregues hoje, temos uma sobra de recursos que tem sido econômico em cada compra, compra mais barato e sobra recurso para comprar mais e esse é o trabalho que a Agraer tem feito, levado essa opção para todos os nossos pequenos produtores”, lembrou o governador Reinaldo Azambuja.
Trabalho que terá continuidade na Agraer independente da instituição estar sob nova como ocorrerá já no final desta semana. Quando o então, diretor-presidente Enelvo Felini, deixa a pasta para ser empossado na Casa de Leis como deputado estadual. “Com uma nova compra que vem, agora, teremos mais 75 tratores e patrulhas que vem para atender praticamente todos os municípios do Estado. Sem mencionar os investimentos que vem sendo feito inúmeros equipamentos: resfriadores, ordenhadeiras, calcareadeiras, as plocaines que vão servir no nosso projeto de psicultura do tanque escavado para o pequeno produdor porque a gente acredita na agricultura familiar”, concluiu Azambuja.
Ao todo, foram investidos R$448.850,00 em equipamentos em forma de dois convênios firmados junto ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Caixa Econômica Federal. O primeiro de R$141.350,00 que garantiu a compra de 11 resfriadores, com capacidade para mil litros de leite e segundo, de maior valor, calculado em R$ R$307.500,00 para aquisição de 15 resfriadores que armazenam até dois mil litros de leite.
Entre as autoridades presentes esteve o secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, o superintendente Rogério Beretta, o diretor-presidente da Iagro, Luciano Chiochetta, o delegado do DFDA, Daniel Mamédio, os prefeitos Valdir Júnior (Niaque), Mário Kruger (Rio Verde), Rogério Rosalin (Figueirão), e a vice-prefeita Luzia Maidana (Camapuã) representando os municípios contemplados com o repasse. Além de vereadores, produtores e servidores da Agraer.
Texto: Aline Lira/ Fotos: Néia Maceno – Assessoria de Comunicação da Agraer
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