Covid-19 acelera, mas taxa de isolamento em MS é a terceira pior do país

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Apesar do aumento brusco de casos, taxa de isolamento segue muito abaixo do necessário - Valdenir Rezende/Arquivo/Correio do Estado

Correio do Estado

O rápido crescimento da covid-19 em Mato Grosso do Sul e redução repentina do número de leitos para tratamento da doença já ligou o sinal de alerta de autoridades públicas, mas não foi capaz ainda de trazer preocupação à maioria da população e de fazer com que o Executivo implemente medidas mais rígidas.

Conforme números divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), o Estado teve a terceira pior taxa de isolamento se comparado às outras 26 unidades da Federação. Na segunda-feira (15), o número ficou 36,1%, enquanto que na terça-feira (16) esse número foi de 36,7%. Apenas Goiás e Tocantins ficaram em pior situação.

Os dados coletados a partir do sinal de celular dos cidadãos mostram que nenhum estado está com números satisfatórios – próximos dos 70% – e o melhor colocado na lista, o Amapá, apresentou índice de isolamento de 44,47% na terça. A taxa de Goiás é de 35,85%, enquanto Tocantins, o lanterna da lista, ficou com 34,27%.

Dois estados vizinhos, Minas Gerais e Paraná, apresentaram números muito próximos ao de Mato Grosso do Sul. Minas, 24º na lista, aparece com 36,81%, enquanto o Paraná teve 36,85%. O Mato Grosso, 19ª, apresenta índice de 38,08%.

Segundo o boletim epidemiológico da SES divulgado na manhã desta quarta-feira (17), Mato Grosso do Sul bateu a marca de 4 mil casos de covid-19. São 379 novos casos apenas de segunda para terça, recorde que fez o total chegar aos 4.164 confirmados desde o início da pandemia. Dos novos casos, 129 foram em Dourados e 44 em Paranaíba.

Campo Grande entre as piores do Brasil

Já no comparativo entre capitais, Campo Grande também faz feio. Enquanto Macapá (AP), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC), líderes nacionais, aparecem com 44,42%, 43,51% e 43,43% no índice de isolamento de terça, Campo Grande está no top-3 de ‘furadores de quarentena’, justamente, ao lado de Goiânia (GO) e Palmas (TO).

Enquanto a capital sul-mato-grossense teve 35,92% apenas de isolamento contra 35,77% e 34,3 0%, respectivamente, de Goiânia e Palmas. Cuiabá (MT) e Belo Horizonte (MG) são as duas capitais que aparecem melhor posicionadas após a cidade morena, com taxa na marca dos 37,92% e 38,14%. A média brasileira no dia foi de 39,1%.

Apesar dos números aquém do necessário para conter a proliferação desenfreada do novo coronavírus e colapso do sistema de saúde local, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), segue flexibilizando medidas de biossegurança, como a permissão para a realização de reuniões e assembleia de associação, e aumento da capacidade das academias.

Conforme o decreto assinado pelo prefeito, as academias terão que atender a normas como a de manter a distância de cinco metros entre os alunos, em uma área de 20m². Porém, foi liberado o uso de 30% para 60% da capacidade usual desses espaços. Em contraponto, Trad afirmou que vai decretar o uso obrigatório de máscaras na cidade.

A capital sul-mato-grossense teve nas últimas 24 horas registradas – fechamento às 19h do dia anterior – pelo boletim da SES 84 novos casos de covid-19, mantendo a cidade como a segunda no ranking de confirmações diárias e segunda com mais casos no total.

Interior do Estado

No interior, a situação segue preocupante. A maior taxa de isolamento na terça foi Taquarussu, com 50%, seguida por Bodoquena (46,1%), Tacuru (45,9%), Douradina (45,8%) e Japorã (45,9%). Já os piores índices foram vistos em Anaurilândia (29,7%), Rio Verde (29,8%), Sete Quedas (30,9%), Costa Rica (32,4%) e Santa Rita do Pardo (32,8%).

Entre as cidades mais populosas, com mais de 100 mil habitantes, Três Lagoas é quem apresenta o pior número, com isolamento de apenas 38,7%. Logo em seguida vem Dourados, 39,7% e Corumbá, com 40,5% – todas acima dos 35,92% de Campo Grande.

Nesses municípios, de uma forma geral, também não é visto nenhuma ação rígida para o combate à covid-19 além de restrições básicas de distanciamento e uso de máscaras de proteção. A exceção foi Guia Lopes da Laguna, que recentemente precisou implementar um ‘lockdown’ obrigatório para conter a proliferação do vírus.

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