Governo aposta em novos investimentos na ferrovia de Mato Grosso do Sul

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Trecho da ferrovia que liga Campo Grande a Corumbá está bastante sucateado - Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado

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O investimento de R$ 4,7 bilhões na malha ferroviária paulista é um indicativo de que a Rumo vai dar sequência à reativação da Malha Oeste, em Mato Grosso do Sul. A afirmação foi feita ontem pelo governador do Estado, Reinaldo Azambuja, que avaliou como positiva a notícia.

“Já tem a Transamericana, e a Rumo faz parte, que é aquele consórcio que pega de Três Lagoas a Corumbá. Então, se eles já sinalizaram o investimento na Malha Paulista, é porque eles vão dar sequência na Malha Oeste, que liga Três Lagoas a Corumbá”, enfatizou.

Azambuja disse que a Rumo pediu à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a extensão da concessão da ferrovia. “Então, tendo a extensão da concessão por mais 30 anos, eu não tenho dúvida de que eles vão ter um escopo, porque essa Transamericana pega parte da Malha Paulista, a Malha Oeste, a Ferrovia Oriental na Bolívia, que liga Corumbá a Santa Cruz até La Paz aos portos chilenos e peruanos.

Então, é um conjunto de investimentos, e a Rumo é sócia desse consórcio na Malha Oeste. Eu não tenho dúvida de que, assim que a ANTT sinalizar positivamente a extensão dessa concessão, nós também teremos os investimentos na Malha Oeste, que é a malha que passa por Mato Grosso do Sul”, frisou.

A Rumo Malha Norte S/A – que opera em 735 quilômetros de ferrovia em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso – aguarda autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para emitir debêntures que vão garantir obras de melhoria da malha.

Estão previstos duplicação de trechos, construção de novos pátios e compra de locomotivas e vagões. A previsão de investimentos este ano é de R$ 2 bilhões – o valor acumulado entre 2015 e 2020 deve atingir R$ 10,5 bilhões.

Em Mato Grosso do Sul, a Rumo está reativando o terminal de Chapadão do Sul com aporte de R$ 17 milhões. A instalação deve movimentar, neste ano, até 2 milhões de toneladas. O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, enfatizou que esteve, em março, no município para viabilizar a obra. “Nós brigamos, no início do governo, para que se abrisse lá, e lá se abriu o terminal.

A previsão para este ano é de 2 milhões de toneladas de soja, [transportados] por meio do terminal intermodal ferroviário de cargas em Chapadão, que já está sendo ampliado. Tem armazém sendo construído. Depois que o terminal de Chapadão foi reativado, a soja de São Gabriel do Oeste e de Bandeirantes, que antes descia rumo ao Porto de Paranaguá (PR), agora está subindo para o norte, utilizando essa nova rota”.

Verruck também citou o transporte de etanol por Aparecida de Taboado. “Eles [Rumo] também estão ampliando para sair mais combustível, que é uma coisa que eles operam o dobro hoje, eles operam combustível, tanto trazendo de São Paulo para Chapadão, Alto Taquari, Rondonópolis, como saída de álcool também”.

Esses investimentos fazem parte de um pacote maior de R$ 415 milhões, que engloba, por exemplo, projeto para escoar fertilizantes entre Santos (SP) e Rondonópolis (MT) até o transporte ferroviário de contêineres empilhados. Serão R$ 200 milhões para levar por ferrovia o fertilizante do terminal portuário santista Termag, do qual a Rumo é acionista, até um terminal em Rondonópolis (MT). A capacidade desse sistema deve chegar a 10 milhões de toneladas até 2023, caso as safras agrícolas continuem crescendo.

PPI

Além destes investimentos, a Rumo Malha Norte pretende fazer outros. Para tanto, o Ministério dos Transportes reconheceu no dia 26 de abril como prioritário o Projeto de Investimento em Infraestrutura da empresa, primeiro passo para que receba autorização para emissão de debêntures incentivadas (são títulos com valores mobiliários de médio e longo prazos que asseguram a seus detentores direito de crédito) para captar os recursos necessários. Agora, a Rumo depende de parecer da CVM – uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda – para emitir os papéis.

O dinheiro a ser “levantado” vai ser usado para a construção de novos pátios de cruzamento, duplicação da malha ferroviária, reestruturação, modernização e compra de locomotivas e vagões, melhorar os padrões de tecnologia da informação e operacional, conforme a Portaria 1247/2018, do Ministério dos Transportes, que não pode informar o valor a ser aplicado enquanto a CVM não autorizar a  transação.

De acordo com Verruck, “a debênture incentivada é específica para infraestrutura. É um incentivo em que não se paga imposto de renda, é preciso uma autorização do governo para emitir a debênture lá fora, no mercado, para que isso dê competitividade. É uma forma de financiamento mais barata”.

Ele enfatizou que “para ocupar mais malha, tem que se fazer mais investimentos. Serão feitos investimentos de tamanho dos terminais, em capacidade de transbordo, de agilidade”, além de ampliar alternativas de uso desses terminais. (Colaborou Leandro Abreu)

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