IBGE mostra números dramáticos do mercado de trabalho em 2016

754
No fim de 2016, mais de 24 milhões de brasileiros estavam desempregados ou trabalhavam menos horas do que gostariam.

No fim de 2016, mais de 24 milhões de brasileiros estavam desempregados ou trabalhavam menos horas do que gostariam. Esse resultado triste da crise econômica em que o Brasil foi jogado está na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE.

Em casa, numa quinta-feira à tarde, cuidando das crianças e das plantas. Um trabalhor jovem – 36 anos – pai de duas filhas e com muita vontade de vencer. Imagens tão diferentes das gravadas em 2014, quando Flávio Brandão trabalhava na construção de um complexo petroquímico.

Em abril do ano passado, ele deu uma entrevista para o Jornal Nacional. Tinha perdido o emprego há cinco meses. “Desde o momento que eu saí começou a minha busca incessante, indo até porta de empresa mesmo dar o currículo, mas a resposta até agora é nenhuma”, contou na época.

Nesta quinta-feira (23), o Jornal Nacional foi até a casa dele e encontrou um Flávio que neste tempo todo conseguiu apenas duas entrevistas de emprego.

“Perdi meu emprego há um ano e meio e de lá pra cá tudo virou uma bola de neve, contas e por aí vai. A sensação de impotência é grande, porque você já teve condições de arcar com o mínimo e hoje você não consegue. Quer dizer, tem que cortar o básico às vezes. Isso aí é muito ruim”, diz Flávio.

O IBGE divulgou nesta quinta-feira (23) números que comprovam essa piora no mercado de trabalho em 2016.

No último trimestre, a taxa que mede o percentual de pessoas que não foram aproveitadas no mercado chegou a 22,2%, ou mais de 24 milhões de pessoas. Em um ano, o aumento foi de 31%.

Esse índice inclui os desempregados, aqueles que trabalham só uma parte do tempo, mas poderiam trabalhar mais horas e também os que poderiam ter um emprego, mas não procuraram.

Perder o emprego é um trauma, desorganiza a vida de qualquer um. E ainda mais angustiante é a espera por uma nova oportunidade. Quando a economia do país vai mal, essa espera pode ficar cada vez mais longa.

Entre 2014 – no início da crise – e 2016, dobrou o número de pessoas que não conseguiam achar emprego há pelo menos um ano. E tem ainda mais gente no grupo dos que procuram há pelo menos dois anos.

No geral, os mais afetados pelo desemprego no ano passado foram os jovens entre 18 e 24 anos, as mulheres, e aqueles que se declararam pretos –  como são classificados pelo IBGE – e pardos.

Números e mais números que a Renata entende como ninguém. Contadora, trabalhou 12 anos numa grande empresa, tinha um bom salário até ser dispensada há um ano e três meses. Hoje, ela busca nos filhos a força para não desistir.

“Eu sinto muita falta de trabalhar. Trabalhei minha vida inteira. Então eu tenho esperança, acredito que as coisas vão melhorar. Eu não vou desistir. Fechou uma porta pra mim, mas tenho certeza que outra vai se abrir em algum momento”, afirma Renata Pessoa da Costa.

JN

COMPARTILHAR